domingo, 30 de maio de 2010

Responsabilidade


Entrei correndo em casa. Nem eu acreditava no que tinha acabado de descobrir. Minha vontade naquele momento era de gritar. Era noite. A temperatura muito baixa me fazia tremer ainda mais. Gritei. Minha mãe acordou desesperada, desceu as escadas correndo e se deparou comigo sentada no chão da sala. Sentou-se ao meu lado e me encheu de perguntas. Ela não fazia noção do que estava acontecendo, imaginava coisas completamente diferentes. Eu não sabia como e nem se devia contar. Qual seria sua reação? O que ela pensaria? Será que ela me expulsaria de casa? Refleti mais um tempo. Criei coragem e contei. Tentei dizer de um modo mais suave e que não a desesperasse ainda mais.
- Mãe, eu sei que não devia ter feito isso, sei que sou nova ainda e irresponsável...
- Diga logo o que houve!
- Mãe, eu vou ser o que você é. Eu vou ser mãe.
Ela não disse nada, ficou quieta, totalmente o contrário do que eu havia imaginado. Ela me olhou durante um longo tempo e depois começou a chorar e me declamou um sermão gritando. Minha única reação foi, chorar. Eu sabia que estava errada e não tinha o que fazer. A única maneira era assumir essa imensa responsabilidade.
Alguns anos se passaram. Minha mãe me apoiou e me ajudou muito. Agora minha vida se estabilizou. Trabalho e crio minha filha sozinha. Nunca mais vi o pai dela, mas também não sinto falta dele. E se o vir algum dia, não vou reconhecê-lo e se eu reconhecer, vou fingir que não o vi e continuarei minha vida sempre batalhando.

Ligeiramente grávida - O espírito da coisa

Um comentário:

  1. belo post
    (desculpa a demora meu pc reinicio)
    seguindo
    xxD

    http://vagalnerdkawai.blogspot.com/

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