segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O ser do estar.


  Tinha vontade de fazer o que fazia antes. Dentro dela uma criança pedindo para sair, pedindo para brincar. Ela não podia. Como seria vista? Como todos reagiriam? Ela se preocupava muito com o que a sociedade pensava dela, por isso sempre estava se policiando para não fazer nada fora do comum, fora do que eles definiam o correto. Seu modo de se vestir era conforme todos, sempre muito básica. Ela estava bem com tudo isso? Era complicado, pois ela resolveu não mais se divertir, resolveu começar a se trancar sozinha. Poucas pessoas ela queria ver, preferia viver na solidão. Mesmo porque, agora, sua vida não era mais como aquela menina de dentro pedia, só diversão e brincadeiras. Ela era uma garota responsável agora, tinha que se preocupar com outras inúmeras coisas. Mas por que assim? Todos da sua mesma idade conseguiam se divertir sem cobranças, conseguiam fazer o que eles queriam. Por ela não? Por que? Não conseguia se explicar, nem se entender. Ela sabia que não podia continuar para sempre como antes. Mas com ela tudo tinha acontecido tão cedo, tão precoce. Por que com os outros só acontecia depois e com ela aconteceu justo agora, onde todos dizem que é a melhor idade? Difícil sua vida, porém nunca passou pela sua cabeça em desistir, pretenderia seguir em frente, mesmo isso fazendo mal para o seu bem-estar.

domingo, 3 de outubro de 2010

Alguém.


        Era raro, nunca ninguém tinha conseguido algo assim. Todos a achavam esquisita pelo fato de nunca dar uma risada, de nunca participar das conversas, de nunca fazer brincadeiras como os jovens na sua idade faziam. Seu olhar preocupado instigava a todos. Na maioria das vezes andava sozinha, com medo e acata a todos ao seu redor. Isso só não acontecia quando alguém tentava manter uma conversa, o que foi ficando cada vez mais raro a cada dia que passava. Apenas a solidão era sua companheira. Até que, alguém. Aquele alguém que a fez sorrir de verdade depois de anos. Foi surpreendente. As pessoas acharam novidade. Uma moça tão linda, por que vivia nessa tristeza de sempre? A resposta ninguém podia obter. Mas, depois daquele alguém que a fez rir pela primeira vez, ela começou a ser mais aceita. Ela havia descoberto o que faltava na sua vida, que era alguém para conversar, alguém para passar o tempo, alguém para de divertir. Faltava alguém.